São Paulo - Quando foi apresentado no Corinthians como substituto de Mano Menezes, que deixou o clube para assumir a seleção brasileira, a expectativa em relação ao trabalho de Adilson Batista era grande. Era ele quem teria a missão de conduzir a equipe ao título do Campeonato Brasileiro, única chance de ser campeão no ano do Centenário alvinegro. E ele está disposto a lutar por isso.
Aos 42 anos e, como jogador, com passagens por Atlético-PR, Cruzeiro, Atlético-MG, Jubilo Iwata, Grêmio e Corinthians, onde encerrou a carreira em 2001, o ex-zagueiro mostra opiniões fortes. Como treinador, já cativou o pessoal do Parque São Jorge com seu jeitão simples e métodos de trabalho que exigem velocidade de seus jogadores.
Por isso e pelo fato de até os treinamentos físicos comandados por sua comissão técnica serem feitos com bola, ganhou moral com os jogadores ao ponto de ser comparado por Ronaldo ao espanhol Vicente del Bosque, campeão da Copa do Mundo deste ano com a seleção espanhola.
Com a tranquilidade que tanto gosta de passar para o time mesmo após as derrotas, Adilson conversou com o MARCA CAMPEÃO! na tarde de sexta-feira, após o treino da manhã em que ele confirmou a escalação de Ronaldo diante do Vitória. Foi a décima entrevista do dia do treinador — conforme conta o assessor de imprensa do clube — que, paciente, só não revelou a escalação do time que encara os baianos.
Adilson esbanjou descontração e bom humor no bate-papo com a reportagem. Talvez rir seja o melhor remédio para afastar as críticas de que, longe do Pacaembu, o time tem tido dificuldades para vencer. Assunto que o treinador falou pouco além de “passar tranquilidade para quem está em campo”.
MCH: Você voltou agora para São Paulo, jogou no Corinthians em 2000 e 2001. Como está a vida , está se readaptando à correria?
Adilson Batista: Eu fico muito aqui no clube, estou morando em um flat perto, aqui no Tatuapé (Zona Leste da Capital), está tranquilo. Só estou querendo que chova um pouquinho (risos).
MCH: Como você recebe dos jogadores os elogios? Eles estão gostando muito do seu método de trabalho, que usa muita bola até nos treinos físicos.
AB: Olha, não que a gente fique lisonjeado com o tipo de colocação, de estilo europeu, não é isso. Eu gosto do seu Ênio (Andrade), do Felipe (Luiz Felipe Scolari), do Nelsinho (Baptista), acho o Vanderlei (Luxemburgo) muito bom, o Paulo Autuori, o Carpegiani (Paulo César)... tem muita gente boa no Brasil. A gente tenta criar treinamento, deixar o pessoal motivado. A bola é um complemento do trabalho que a gente acha que pode melhorar. É um trabalho que surte efeito no jogo, essa é a intenção.
MCH: O fato de você ter sido jogador ajuda no papel de técnico, dá vantagem por saber como é a rotina?
AB: Claro. Isso aí é muito importante. Não é essencial, mas a vivência, a experiência e trabalho, com equipes grandes, acostumadas a pressão e ambição, a ter de vencer, ser cobrado... tudo isso é uma experiência que, se você não vivenciou, vai levar um tempo maior para conseguir (se acostumar). Está sendo muito importante no seguimento da carreira ter vivenciado a condição de atleta.
MCH: E que balanço você faz até agora da passagem no Corinthians?
AB: Eu gostaria de ter mais quatro pontos, né? Essa era a minha intenção. Mas os jogos, em si, foram bons. Você faz uma estreia (diante do Palmeiras, na 12ª rodada) em um bom primeiro tempo, tenta escalar um time contra o Flamengo, cria oportunidades, faz um belo jogo contra o Avaí... Eu não tomei sufoco com o Corinthians. Eu vi um crescimento. Mudou um pouquinho, você adianta o Elias, mas pouca coisa. Mas, do que eu vi, eu saí satisfeito.
MCH: Qual a expectativa, é o título do Brasileirão, a vaga na Libertadores...
AB: (Corta a pergunta) Eu vim para ganhar o título, vim pensando no título. Eu trabalhava no Figueirense (entre 2005 e 2006) e disse para irmos atrás da quinta vaga (para a Libertadores). Disseram que eu estava sonhando, mas eu dizia que um time brasileiro iria ganhar a Libertadores e que nós iríamos buscar a quinta vaga. É assim que eu trabalho. No Paysandu (em 2004), disse que não iríamos cair. No Cruzeiro, no ano passado: “vamos atrás do título brasileiro”. Mas daí dizem: “ah, Adilson, mas você não ganhou”. Jogamos o título fora no ano passado.
MCH: Mas isso foi algo que a diretoria colocou para você, essa obrigação de título?
AB: Não colocou nada. O Andrés (Sanchez, presidente do Corinthians) é tranquilo, disse que o Corinthians mudou, que eu que ia fazer. O seu Mário (Gobbi, diretor de futebol) disse para eu trabalhar de acordo com a minha cabeça. Contratação é um assunto interno, quero observar, olhar, enfim... aí vamos pensando lá para a frente.
MCH: O que mudou no Corinthians e no Parque São Jorge da sua época de jogador para agora?
AB: A estrutura interna melhorou muito, a condição de trabalho, a tranquilidade para treinar aumentou bastante. Não adianta, o profissional precisa disso.
MCH: Como é a sua relação com o Ronaldo e o Roberto Carlos? Você ficou um pouco temeroso de vir para cá por causa disso?
AB: Já sou vacinado. Quer dizer, eu costumo dizer que o craque não te dá problema. E, ao longo desses anos como treinador e a própria experiência como atleta, você via que os que pensam lá na frente e são vencedores são os que chegam primeiro, os que treinam, os que prestam atenção aos vídeos... o “minhoquinha” é o que fica viajando. Não tive medo nenhum. Cheguei para trabalhar, o pessoal já se conhecia..
MCH: Essa coisa de Centenário, a pressão por título nesse ano, isso mexe com você de alguma forma?
AB: Eu tenho experiência em Centenário: no Sport Recife (2005), no Grêmio(2003) e, agora, é aqui. E eu já tenho mais de 40 anos...(risos).
MCH: Mas aqui no Corinthians a pressão é maior, não? Ainda mais por causa da Libertadores...
AB: Não... Na Libertadores eu não estava aqui, né? (risos).
MCH: A do ano que vem...
AB: Ah, do ano que vem... correto. Tem de ter pressão, a gente tem de ter discernimento, tranquilidade para fazer o trabalho. Essa coisa de “ah, tem de ganhar” é mais para vender jornal, a gente sabe como funciona o futebol. A verdade é que, se o time jogou bem, jogou bem. Jogou mal, jogou mal e tem de cobrar.
MCH: O que está acontecendo com o time do Corinthians? Está faltando capricho na hora de concluir, é o fator Pacaembu?
AB: Não, não... tinham lá 500 milhões de torcedores no Parque do Sabiá (em Uberlândia, na derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, no Brasileirão, na quarta-feira). Não é torcida. Temos de passar calma, tranquilidade e daqui a pouco a gente começa a ganhar fora. Quem a sabe a gente não muda o sistema, põe três zagueiros... isso é com urgência.
MCH: No que você acredita que ajuda não revelar a escalação da equipe antes dos jogos? Acha que o técnico adversário vai ler o jornal?
AB: Dá as coisas mastigadas para você ver...Eu não quero tudo mastigado (para o adversário), é um detalhezinho que ajuda. Não tem frescura, mas é assim que funciona o futebol.
MCH: O Corinthians hoje está do jeito que você quer?
AB: Eu queria que estivesse em primeiro na tabela.
MCH: Mas a maneira como o time tem se comportado em campo...
AB: Acho que estamos crescendo, melhorando, mas vejo uma equipe com ambição, vontade, com pegada, criando... o time tem de criar. Por mais que se perca por 1 a 0 em um contra-ataque. Está errado? Não. Que culpa a gente tem?
MCH: Dirigir a seleção brasileira está nos seus planos?
AB: Nossa, ainda está longe, está longe...
MCH: Mas você tem essa ambição?
AB: Ah... Quem sabe um dia? Hoje eu estou aqui no Corinthians, estou contente, feliz. Claro que se o Ricardo (Teixeira, presidente da CBF) me ligar, vou falar “ó, Andrés, me ligaram aqui” (risos)... Mas não. A cabeça está aqui. O Brasil está bem servido, tem profissionais mais capacitados na minha frente. Vamos devagar com o andor.
Aos 42 anos e, como jogador, com passagens por Atlético-PR, Cruzeiro, Atlético-MG, Jubilo Iwata, Grêmio e Corinthians, onde encerrou a carreira em 2001, o ex-zagueiro mostra opiniões fortes. Como treinador, já cativou o pessoal do Parque São Jorge com seu jeitão simples e métodos de trabalho que exigem velocidade de seus jogadores.
Por isso e pelo fato de até os treinamentos físicos comandados por sua comissão técnica serem feitos com bola, ganhou moral com os jogadores ao ponto de ser comparado por Ronaldo ao espanhol Vicente del Bosque, campeão da Copa do Mundo deste ano com a seleção espanhola.
Com a tranquilidade que tanto gosta de passar para o time mesmo após as derrotas, Adilson conversou com o MARCA CAMPEÃO! na tarde de sexta-feira, após o treino da manhã em que ele confirmou a escalação de Ronaldo diante do Vitória. Foi a décima entrevista do dia do treinador — conforme conta o assessor de imprensa do clube — que, paciente, só não revelou a escalação do time que encara os baianos.
Adilson esbanjou descontração e bom humor no bate-papo com a reportagem. Talvez rir seja o melhor remédio para afastar as críticas de que, longe do Pacaembu, o time tem tido dificuldades para vencer. Assunto que o treinador falou pouco além de “passar tranquilidade para quem está em campo”.
MCH: Você voltou agora para São Paulo, jogou no Corinthians em 2000 e 2001. Como está a vida , está se readaptando à correria?
Adilson Batista: Eu fico muito aqui no clube, estou morando em um flat perto, aqui no Tatuapé (Zona Leste da Capital), está tranquilo. Só estou querendo que chova um pouquinho (risos).
MCH: Como você recebe dos jogadores os elogios? Eles estão gostando muito do seu método de trabalho, que usa muita bola até nos treinos físicos.
AB: Olha, não que a gente fique lisonjeado com o tipo de colocação, de estilo europeu, não é isso. Eu gosto do seu Ênio (Andrade), do Felipe (Luiz Felipe Scolari), do Nelsinho (Baptista), acho o Vanderlei (Luxemburgo) muito bom, o Paulo Autuori, o Carpegiani (Paulo César)... tem muita gente boa no Brasil. A gente tenta criar treinamento, deixar o pessoal motivado. A bola é um complemento do trabalho que a gente acha que pode melhorar. É um trabalho que surte efeito no jogo, essa é a intenção.
MCH: O fato de você ter sido jogador ajuda no papel de técnico, dá vantagem por saber como é a rotina?
AB: Claro. Isso aí é muito importante. Não é essencial, mas a vivência, a experiência e trabalho, com equipes grandes, acostumadas a pressão e ambição, a ter de vencer, ser cobrado... tudo isso é uma experiência que, se você não vivenciou, vai levar um tempo maior para conseguir (se acostumar). Está sendo muito importante no seguimento da carreira ter vivenciado a condição de atleta.
MCH: E que balanço você faz até agora da passagem no Corinthians?
AB: Eu gostaria de ter mais quatro pontos, né? Essa era a minha intenção. Mas os jogos, em si, foram bons. Você faz uma estreia (diante do Palmeiras, na 12ª rodada) em um bom primeiro tempo, tenta escalar um time contra o Flamengo, cria oportunidades, faz um belo jogo contra o Avaí... Eu não tomei sufoco com o Corinthians. Eu vi um crescimento. Mudou um pouquinho, você adianta o Elias, mas pouca coisa. Mas, do que eu vi, eu saí satisfeito.
MCH: Qual a expectativa, é o título do Brasileirão, a vaga na Libertadores...
AB: (Corta a pergunta) Eu vim para ganhar o título, vim pensando no título. Eu trabalhava no Figueirense (entre 2005 e 2006) e disse para irmos atrás da quinta vaga (para a Libertadores). Disseram que eu estava sonhando, mas eu dizia que um time brasileiro iria ganhar a Libertadores e que nós iríamos buscar a quinta vaga. É assim que eu trabalho. No Paysandu (em 2004), disse que não iríamos cair. No Cruzeiro, no ano passado: “vamos atrás do título brasileiro”. Mas daí dizem: “ah, Adilson, mas você não ganhou”. Jogamos o título fora no ano passado.
MCH: Mas isso foi algo que a diretoria colocou para você, essa obrigação de título?
AB: Não colocou nada. O Andrés (Sanchez, presidente do Corinthians) é tranquilo, disse que o Corinthians mudou, que eu que ia fazer. O seu Mário (Gobbi, diretor de futebol) disse para eu trabalhar de acordo com a minha cabeça. Contratação é um assunto interno, quero observar, olhar, enfim... aí vamos pensando lá para a frente.
MCH: O que mudou no Corinthians e no Parque São Jorge da sua época de jogador para agora?
AB: A estrutura interna melhorou muito, a condição de trabalho, a tranquilidade para treinar aumentou bastante. Não adianta, o profissional precisa disso.
MCH: Como é a sua relação com o Ronaldo e o Roberto Carlos? Você ficou um pouco temeroso de vir para cá por causa disso?
AB: Já sou vacinado. Quer dizer, eu costumo dizer que o craque não te dá problema. E, ao longo desses anos como treinador e a própria experiência como atleta, você via que os que pensam lá na frente e são vencedores são os que chegam primeiro, os que treinam, os que prestam atenção aos vídeos... o “minhoquinha” é o que fica viajando. Não tive medo nenhum. Cheguei para trabalhar, o pessoal já se conhecia..
MCH: Essa coisa de Centenário, a pressão por título nesse ano, isso mexe com você de alguma forma?
AB: Eu tenho experiência em Centenário: no Sport Recife (2005), no Grêmio(2003) e, agora, é aqui. E eu já tenho mais de 40 anos...(risos).
MCH: Mas aqui no Corinthians a pressão é maior, não? Ainda mais por causa da Libertadores...
AB: Não... Na Libertadores eu não estava aqui, né? (risos).
MCH: A do ano que vem...
AB: Ah, do ano que vem... correto. Tem de ter pressão, a gente tem de ter discernimento, tranquilidade para fazer o trabalho. Essa coisa de “ah, tem de ganhar” é mais para vender jornal, a gente sabe como funciona o futebol. A verdade é que, se o time jogou bem, jogou bem. Jogou mal, jogou mal e tem de cobrar.
MCH: O que está acontecendo com o time do Corinthians? Está faltando capricho na hora de concluir, é o fator Pacaembu?
AB: Não, não... tinham lá 500 milhões de torcedores no Parque do Sabiá (em Uberlândia, na derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, no Brasileirão, na quarta-feira). Não é torcida. Temos de passar calma, tranquilidade e daqui a pouco a gente começa a ganhar fora. Quem a sabe a gente não muda o sistema, põe três zagueiros... isso é com urgência.
MCH: No que você acredita que ajuda não revelar a escalação da equipe antes dos jogos? Acha que o técnico adversário vai ler o jornal?
AB: Dá as coisas mastigadas para você ver...Eu não quero tudo mastigado (para o adversário), é um detalhezinho que ajuda. Não tem frescura, mas é assim que funciona o futebol.
MCH: O Corinthians hoje está do jeito que você quer?
AB: Eu queria que estivesse em primeiro na tabela.
MCH: Mas a maneira como o time tem se comportado em campo...
AB: Acho que estamos crescendo, melhorando, mas vejo uma equipe com ambição, vontade, com pegada, criando... o time tem de criar. Por mais que se perca por 1 a 0 em um contra-ataque. Está errado? Não. Que culpa a gente tem?
MCH: Dirigir a seleção brasileira está nos seus planos?
AB: Nossa, ainda está longe, está longe...
MCH: Mas você tem essa ambição?
AB: Ah... Quem sabe um dia? Hoje eu estou aqui no Corinthians, estou contente, feliz. Claro que se o Ricardo (Teixeira, presidente da CBF) me ligar, vou falar “ó, Andrés, me ligaram aqui” (risos)... Mas não. A cabeça está aqui. O Brasil está bem servido, tem profissionais mais capacitados na minha frente. Vamos devagar com o andor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário